Receber o diagnóstico de glaucoma pode ser assustador em um primeiro momento. Afinal, a doença não tem cura e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma das principais causas de cegueira no mundo.
A boa notícia é que a doença ocular pode ser controlada por meio de tratamento e acompanhamento regular com o oftalmologista. Assim, o paciente pode ter uma vida normal mesmo com algumas restrições impostas pela condição.
Mas, você sabia que existem diferentes tipos de glaucoma? Que evoluem de formas distintas e exigem cuidados diversos?
Neste artigo, você vai conhecer quais são os tipos de glaucoma, bem como os sintomas e características que diferenciam cada um deles.
Acompanhe!
O que é glaucoma?
O glaucoma é uma doença que afeta o nervo óptico, estrutura formada por milhões de fibras nervosas que são responsáveis por transmitir ao cérebro as informações visuais captadas pela retina.
Quando o nervo óptico é lesionado pelo glaucoma, essas fibras nervosas vão morrendo progressivamente, causando uma redução do campo visual que pode evoluir para a cegueira total quando não tratada.
A principal causa do glaucoma é a pressão intraocular elevada, que ocorre devido ao desequilíbrio entre a produção e a drenagem do humor aquoso, um líquido transparente que circula entre as estruturas do olho. Quando o humor aquoso se acumula, a pressão dentro do olho aumenta, o que comprime o nervo óptico e os vasos sanguíneos que o nutrem.
Além da pressão intraocular elevada, outros fatores de risco para o surgimento do glaucoma são histórico familiar da doença, idade acima de 40 anos, hipertensão arterial, uso prolongado de medicamentos à base de corticóides e outras doenças nos olhos, como deslocamento da retina ou tumores.
É importante ressaltar que o glaucoma não tem cura, já que as fibras nervosas que integram o nervo óptico não podem ser restauradas depois que sofrem uma lesão. Por isso, o diagnóstico precoce da doença é essencial.
Para detectar o glaucoma, o oftalmologista pode solicitar diversos exames, como:
✅ Acuidade visual: detecta alterações na visão;
✅ Tonometria: mede a pressão intraocular;
✅ Fotografia do nervo óptico: documenta a aparência do nervo;
✅ Campo visual: verifica a perda de campo visual do paciente;
✅ Exame com lâmpada de fenda: observa o interior e o exterior do olho.
✅ Tomografia de Coerência Óptica (OCT): avalia a perda de células nervosas que formam o nervo óptico.
Quais são os tipos de Glaucoma?
Existem 4 tipos diferentes de glaucoma. Em comum, todos apresentam alguma alteração no trabeculado, estrutura responsável pela produção e drenagem do humor aquoso. Conheça cada dos tipos abaixo:
1. Glaucoma de ângulo aberto
O glaucoma de ângulo aberto é o tipo mais comum da doença e representa cerca de 80% dos casos. A condição se caracteriza pela obstrução lenta e gradual do fluxo de humor aquoso na malha trabecular, o que leva ao aumento da pressão intraocular e ao dano do nervo óptico.
Geralmente, o glaucoma de ângulo aberto é assintomático, e os primeiros sinais surgem quando o problema já se encontra em estágio mais avançado, quando já ocorre uma perda significativa do campo visual.
Alguns dos sinais associados a esse tipo de glaucoma são:
✅ dores de cabeça;
✅ visão turva;
✅ perda gradual da visão.
2. Glaucoma de ângulo fechado
O glaucoma de ângulo fechado é um tipo menos frequente de glaucoma, porém mais agressivo e urgente. É causado pelo bloqueio súbito do fluxo de humor aquoso no ângulo da câmara anterior, o que leva ao aumento drástico do líquido no olho e a elevação severa da pressão intraocular.
A doença é considerada uma emergência médica e requer atendimento imediato, sob risco de perda irreversível da visão em poucas horas. Ao contrário dos outros tipos de glaucoma, essa variante apresenta sintomas mais expressivos, como:
✅ Dor muito intensa na cabeça e nos olhos.
✅ Perda repentina de visão ou visão muito embaçada.
✅ Náuseas e vômitos.
✅ Presença de halos na visão (círculo de luz coloridos ao redor de fontes de luz).
3. Glaucoma congênito
O glaucoma congênito é uma condição rara que afeta especialmente recém-nascidos e crianças até os 3 anos de idade. Assim, o bebê já nasce com glaucoma, geralmente por conta de anormalidades no desenvolvimento do sistema de drenagem ocular, que impedem o escoamento adequado do humor aquoso.
Se não for tratado precocemente, o glaucoma congênito pode levar a danos irreversíveis no nervo óptico e na córnea. O diagnóstico dessa condição pode ser feito através do teste do pezinho. Entre os principais sintomas da doença estão o aumento do tamanho do olho, córnea opaca, lacrimejamento excessivo e fotofobia.
4. Glaucoma secundário
O glaucoma secundário é o único tipo da doença fortemente motivado por fatores externos. Nesse caso, o aumento da pressão intraocular ocorre devido a outras inflamações já presentes nos olhos, como a catarata, hemorragias internas e retinopatia diabética. O problema também pode ser causado pelo uso continuado de colírios ou medicamentos com corticóides.
Como não apresenta sintomas até chegar a estágios avançados, o glaucoma secundário costuma ser ofuscado pela outra condição que o provocou.
Tratamentos disponíveis para o glaucoma
O glaucoma é uma doença crônica e, por isso, não tem cura. Entretanto, a condição pode ser controlada com tratamentos adequados, que visam reduzir a pressão intraocular, prevenir ou retardar o dano do nervo óptico e preservar a visão.
O principal tratamento para o glaucoma consiste no uso de colírios específicos, que são receitados pelo oftalmologista para a redução da pressão dentro do olho, seja diminuindo a produção do humor aquoso, aumentando a drenagem do líquido ou relaxando os músculos do olho. Alguns exemplos de colírios são os betabloqueadores, agonistas adrenérgicos e inibidores de anidrase carbônica.
A cirurgia também é uma opção quando o tratamento primário com colírios não se mostra eficiente. Os principais procedimentos cirúrgicos para o glaucoma são:
✅ Trabeculectomia.
✅ Trabeculoplastia seletiva.
✅ Implante de tubo de drenagem.
✅ Procedimentos ciclodestrutivos.
✅ Cirurgias minimamente invasivas de glaucoma (MIGS).
Além do tratamento com colírios e da cirurgia em casos mais graves, os pacientes com glaucoma precisam adotar hábitos de vida saudáveis que ajudam a controlar a doença e manter a pressão intraocular em níveis adequados.
Entre esses hábitos, podemos destacar a adoção de uma dieta equilibrada (rica em antioxidantes, vitaminas e minerais), a prática regular de atividades físicas moderadas (como caminhada e ciclismo) e o controle do estresse.
Como vimos no artigo, o glaucoma é uma doença que não tem cura e pode levar a perda irreversível da visão se não for tratada adequadamente. Por isso, o diagnóstico precoce e o acompanhamento regular com um oftalmologista são essenciais para evitar que o problema se torne ainda mais grave.
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